27 Artistas plásticos, oriundos da Galiza e de Portugal, expõem na sede da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, numa exposição que prima pela qualidade dos trabalhos apresentados, em que cada um dos convidados se manifesta estética e visualmente de forma muito original. A mostra-colectiva “Segunda Face” no qual o simbolismo da crise do Covid-19 – pela perspectiva das máscaras sanitárias – se unem e fundem num todo – inaugura no próximo dia 10 de Julho (sábado), pelas 16 horas, na sede da AJHLP. É também uma exposição onde simultâneamente as máscaras do coronavírus tansformam-se em uma segunda face. O menos que se pode dizer é que nesta intervenção artística se utilizaram máscaras, no entanto, realizadas em ateliers têxteis de duas mulheres portuguesas, que realizaram, de forma atrtesanal, uma multitude de produtos de costura criativa. Acrescentamos ainda que nos seus propósitos a exposição pretende – conforme a finalidade fixada – fazer-nos meditar sobre a utilização da máscara ao longo da história: ritual ou espiritual, ocultação do rosto no teatro; pintar a pele no circo; a utilização do meio para usos de caracter antropológico ou cultural; elemento de rebelião; luta ou desobediência contra o sistema patriarcal, como também em manifestações de alguns movimentos feministas como as guerrilla girls dos anos oitenta. Justifica-se, igualmente, portanto, a atenção dada à cobertura da face da mulher por questões religiosas ou culturais, como é o caso da burka ou do niqab em algumas comunidades muçulmanas, que provocam a invisibilidade da mulher no espaço público.

Têm-se encontrado, sem dúvida, em cada período da história, as mais variadas etimologias do termo máscara: procedente do italiano, occitano e catalão surge-nos máscara como cara ou disfarce; também o occitano e o francês máscara equivale a tisne, que nos relaciona com o efeito de manchar com madeira queimada, um carvão, do qual podemos desenhar, pode mesmo ser relacionado com a cor negra de procedência celta (mask). Refiram-se até outros aspectos, relacionados com o termo bruxa (masca), que se utilizou no norte de Itália, Languedoc e na Provença durante toda a Idade Média; aproximando-se ao feitiço, ao ritual, à mulher que tem, de alguma forma, poderes sobrenaturais, aquela que invade o espaço público e ousa transformar a criação, e destemida, mas que foi, sobreudo, condenada à fogueira. Por seu lado, remete-nos ao significado de pessoa traidora, em occitano, coincidente com o acto de mascarar-se para cometer algum delito ou até mesmo, para contrariar a norma. A máscara e, em partricular, a palavra francesa maschier (fingir ou dissimular) que concerne a por “baixo das máscaras” (ou, dizendo, de outro modo, referida ao fingir, ao ser que não somos, o acto de modificar a identidade, ocultá-la através de uma nova). Quanto à etimologia árabe, encontramos o vocábulo palhaço ou bobo da corte, que, como sabemos, usualmente encobre o rosto.

Que dizer então sobre a actual significação deste escondermo-nos atrás, como é frequente, da máscara sanitária? E esta visibilidade ou invisibilidade? Identidade ou anonimato?

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