Relatório de Actividades – Ano de 2022
De 1 de Janeiro a 31 de Dezembro, do ano de 2022, a Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto deu cumprimento ao Plano de Actividades a que se propôs, tendo como denominador comum o aniversário dos 140 anos da instituição. Foram editadas novas obras, outras apresentadas no salão associativo, solidariamente disponibilizado para o efeito; prosseguiu a iniciativa O Mundo que Vivi no formato de entrevista pública a personalidades da cidade, posteriormente publicadas em livro; promoveu debates, teve intervenções cívicas, manteve patentes exposições e realizou um recital de poesia. Marcou também presença fora de portas na última edição da Feira do Livro do Porto.
Valorizou significativamente o seu acervo bibliográfico e documental, adquirindo a biblioteca e restante espólio do linguista e historiador da literatura Óscar Lopes, insigne figura das nossas letras, antigo associado e dirigente da AJHLP.
Marco temporal na comemoração dos 140 anos da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto foi a implantação, no espaço público fronteiro à sede, do busto do jornalista revolucionário Rodrigues Sampaio, patrono da Associação. Ainda centrado na figura do nosso patrono, o relançamento do Prémio Rodrigues Sampaio, que, no seu regresso, distinguiu o historiador e poeta António Borges Coelho.
De uma acção continuada no tempo, orientada para a valorização do património e a que se pretende dar continuidade, resultou a edificação de um auditório, módulo diferenciador na acção associativa.
Obras editadas
- O Glorioso Panfletário – Rodrigues Sampaio Visto pelos Seus Camaradas – Obra integrada nas comemorações dos 140 anos da AJHLP, organização, prefácio e notas de Manuela Espírito Santo.
A Palestina Segundo Saramago– Textos de José Saramago sobre a questão palestiniana, com prefácio de Carlos Almeida. Inclui um poema Mahmud Darwish e outro de Erich Fried.
- Poemas dos Dias – livro póstumo de Nuno Rocha Morais.
- Como Comer um Dióspiro – livro de poesia de Paulo Moreira Lopes.
- A Virgem da Loira Trança – antologia poética de Alfredo Carvalhaes, organização, selecção e prefácio de Francisco Duarte Mangas.
- Gazeta Literária, nº 10 – Cartas inéditas a um jovem poeta: de Albano Martins, Fernando Guimarães, Inês Lourenço, Luísa Dacosta, Manuel Alegre, Maria Alzira Seixo, Mário Cláudio, Teresa Balté, Vasco Graça Moura e Yvette Centeno. Poemas da Guerra de Ana Paula Inácio, Yvette Centeno, Rui Almeida, Ivo Machado e Manuel Maria Aboim. E ainda textos de Domingos Lobo, César Príncipe, Francisco Duarte Mangas, José Manuel Teixeira da Silva e Ramiro Teixeira. Ilustrações de Abigail Ascenso.
Apresentações
- Este é o Tempo dos Monstros – Novo livro de António Avelãs Nunes, que inclui reflexões sobre a Guerra da Ucrânia, apresentado pelo coronel José Castro Carneiro.
- Antologia do Teatro Galego Contemporâneo – Obra bilingue (Português e Galego) que reúne doze peças de doze dramaturgos da Galiza e dada à estampa pela Cena Lusófona-Associação Portuguesa para o Intercâmbio Teatral, com quem a AJHLP mantém um protocolo de colaboração. Participaram na apresentação o dramaturgo galego Cândido Pazò, Dolores Vilavedra, investigadora e professora da Universidade de Santiago de Compostela, o tradutor Zé Paredes, António Augusto Barros, presidente da Cena Lusófona e o jornalista Júlio Roldão, da AJHLP, que moderou o evento.
- Da Resistência à Construção da Democracia – Ensaio histórico do publicista Jorge Sarabando, com a chancela da editora Âncora. A obra foi apresentada pelo Prof. Rui Pereira.
- Exílios Sem Fronteiras – Terceiro volume da colecção Exílios sem fronteiras, obra editada pela AEPP 61/74, Associação dos Exilados Políticos Portugueses, volume apresentado pelo historiador José Manuel Cordeiro, comentado por Isabel Lhano, pintora, e pelo editor da obra Carlos Ribeiro. A apresentação integrou um momento musical protagonizado por José Luís Guimarães. Seguiu-se um debate alusivo à temática do exílio político, moderado por Paulo Esperança, do Núcleo Norte da Associação José Afonso, estrutura que promoveu a sessão.
- Luar sobre as magnólias – Novo livro do associado José Queiroga, apresentado pelo próprio.
- Poemas dos Dias – Livro de poesia de Nuno Rocha Morais, apresentado por Rui Santiago.
- Porto – o rosto das ruas – Livro de José Efe, com fotografia de António F. Maia.
- Forjado no Caos – Livro do actor e dramaturgo Pedro Estorninho.
- Crónica de uma Deserção – Retrato de um País – Obra de Fernando Mariano Correia, com apresentação de Júlio Gago e Orlando Artur Barros.
- Hiroxima Antologia de Poemas – Reedição aumentada, parceria entre o CPPC-Conselho Português para a Paz e Cooperação e a Âncora Editora. A reedição coincide com um momento muito complexo da situação internacional e visa o lançamento da petição pública Pela adesão de Portugal ao Tratado de Proibição de Armas Nucleares. Esta antologia foi impressa pela primeira vez, em 1967, sob a coordenação de Manuel Simões e Carlos Loures, recentemente falecido.
Encontros do Bonjardim: debates sobre jornalismo
- Jornalismo em tempo de guerra – Conversa pública com Inês Cardoso, Directora do Jornal de Notícias, moderada pelo jornalista Júlio Roldão, sobre o pensar do trabalho jornalístico em tempos de pandemia e guerra em que ao jornalista é pedido distanciamento e profundidade num país onde existe um grande défice de literacia mediática.
- Jornalismo literário – Os jornalistas Ivete Carneiro e Pedro Olavo Simões reflectiram em público, se o jornalismo pode ou não tornar-se literário, numa sessão moderada pelo jornalista Júlio Roldão, que também é o coordenador da iniciativa.
- Jornalismo e publicidade -– O peso da publicidade na viabilidade dos projectos jornalísticos, esteve em análise em sessão pública moderada pelo jornalista Júlio Roldão e que contou com as intervenções de Carlos Sousa, ex-jornalista e actual director-geral da empresa Inflyence com a função de consultor de comunicação, João Oliveira, ex-director de Publicidade do Jornal de Notícias e Luís Sousa e Castro, ex-director Comercial e de Publicidade do mesmo matutino.
O Mundo que Vivi (entrevistas públicas)
- Maria José Ribeiro – A lutadora antifascista Maria José Ribeiro, convidada de mais uma sessão de O Mundo que Vivi, revelou episódios da sua luta contra a ditadura e das torturas a que foi sujeita pela Pide durante o período em que esteve presa, em entrevista conduzida por Manuela Espírito Santo
- Jorge Carvalho – Reconhecido lutador antifascista, Jorge Carvalho teve oportunidade de, na sua entrevista no âmbito da iniciativa O Mundo que Vivi e conduzida por Manuela Espírito Santo, recordar os tempos difíceis da ditadura e de contar publicamente como da resistência fez vida.
- Ursula Zangger – A fotógrafa e fotojornalista Ursula Zangger, na sua entrevista pública no âmbito da iniciativa O Mundo que vivi e conduzida por Francisco Duarte Mangas, partilhou aspectos menos conhecidos da sua carreira, designadamente a sua convivência com a pintora Vieira da Silva, nos anos sessenta, em Paris.
- Nuno Canavez – Alfarrabista, livreiro, numa entrevista conduzida por Francisco Duarte Mangas, fez um relato da sua vida, desde a adolescência até aos nossos dias, contando as histórias vividas na sua Livraria Académica, frequentada por todos os intelectuais do País.
Recital
- Toda a poesia é revolucionária – Recital de poesia com Aurelino Costa, José Queiroga, Júlio Roldão e alunos do curso superior de teatro da ESAP. A sessão teve como motivo inspirador as linhas de Sophia de Melo Breyner Andresen: Porque propõe ao homem a verdade e a inteireza do seu estar na terra, toda a poesia é revolucionária.
Exposições
- O corpo e outras liberdades – Mostra de desenho digital de autoria de Carlos da Torre.
- Isolino Vaz na AJHLP – Exposição de desenhos, em grandes dimensões, da autoria de Isolino Vaz, comemorativa do centenário do nascimento do pintor e dos 140 anos da AJHLP. Nos anos sessenta, refira-se, Isolino Vaz expôs os seus trabalhos a Associação.
- O Tempo dos Tios – projecto artístico de Filomena Correia que recupera, plasticamente, fotografias antigas como base para pinturas que incorporam elementos contemporâneos na patine de velhos retratos familiares. Na inauguração, cruzaram-se as intervenções de Maria Marçal, médica, e do jornalista Júlio Roldão, dois olhares sobre o projecto de Filomena Correia, médica, hoje voltada para as artes plásticas.
Os 140 anos da AJHLP
Homenagem a Óscar Lopes –Debate público no edifício da reitoria da Universidade do Porto com o escritor César Príncipe e o docente universitário João Veloso, e moderação de Manuela Espírito Santo. Tendo por tema A Casa Comum de Óscar Lopes, o debate promovido pela Universidade do Porto onde Óscar pontificou tal como na AJHLP – uma das iniciativas do programa comemorativo dos 140 anos da AJHLP.
Sessão Comemorativa – Nas instalações da Associação, no dia 12 de Outubro, decorreu a sessão comemorativa dos 140 anos da AJHLP. Na mesa que presidiu à sessão estiveram o Presidente da Câmara Municipal de Esposende, o Vice-Presidente da Câmara Municipal do Porto, em representação do Presidente por impedimento deste, Francisco Duarte Mangas, Presidente da Direcção, e Germano Silva, Presidente da Mesa da Assembleia Geral. Nesta sessão festiva, foi inaugurado o busto de Rodrigues Sampaio, anunciado o prémio com o mesmo nome e traçadas as linhas orientadoras para o futuro próximo da AJHLP.
Busto de Rodrigues Sampaio – Durante o acto público de celebração dos 140 anos de existência da AJHLP ocorreu a cerimónia de descerramento do busto de António Rodrigues Sampaio, patrono da Associação e figura ilustre do jornalismo. A obra ficou implantada no espaço fronteiro ao edifício-sede. A concretização de tal marco, carregado de simbologia, foi possível devido ao apoio da Câmara Municipal do Porto e da Fundação Engº António de Almeida. A cerimónia contou com a presença do vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, Filipe Araújo, e do presidente da Câmara Municipal de Esposende, Benjamim Costa Pereira. O busto é da autoria de Teixeira Lopes (pai) e foi restaurado pelo escultor Artur Moreira.
Prémio Rodrigues Sampaio – Suspenso no final da década do oitenta, o Prémio Rodrigues Sampaio, que distinguiu figuras como Victor de Sá, Óscar Lopes, Joel Serrão, José Manuel Tengarrinha e Hélder Pacheco, entre outros, foi retomado em 2022, nos 140 anos da AJHLP. Agora, o galardão, de periodicidade bianual e com um valor monetário de 7 500 euros, distingue uma personalidade da Cultura portuguesa que, ao longo do seu percurso, “tenha praticado os valores da liberdade, da cidadania, como forma de aproximação entre as pessoas, com vista a uma sociedade verdadeiramente democrática”. O primeiro vencedor do renovado Prémio, patrocinado pelo Município de Esposende, foi o historiador e poeta António Borges Coelho. O júri da edição de 2022 foi composto por Francisco Duarte Mangas, Inês Cardoso, Valdemar Cruz, José Manuel Mendes e Alexandra Roeger.
Valorização do património
Biblioteca e espólio de Óscar Lopes –A AJHLP adquiriu a Biblioteca particular do Prof. Óscar Lopes, antigo associado e dirigente. A família ofereceu à Associação o restante espólio do intelectual. É uma biblioteca de trabalho e de um leitor apaixonado, reunindo tudo o que de mais significativo se publicou em Portugal a partir dos anos Cinquenta até final do Séc. XX. Ao autor de Uma Arte da Música, nada lhe era indiferente: e essa posição, de intelectual de gostos múltiplos, expressa-se no seu legado bibliográfico. Além da literatura, estende-se pelos domínios da música, da ciência, artes plásticas, política ou astronomia. A biblioteca é complementada por um vasto espólio que inclui correspondência e anotações variadas, muitas delas inéditas, que permitem estudar com maior rigor a perspectiva do autor sobre a literatura e a língua portuguesas e, ainda, perceber o contexto do Portugal da segunda metade do século XX, no fascismo e na consolidação do regime democrático. Os livros e outro espólio do historiador de literatura, aberta esta biblioteca, ficarão disponíveis à comunidade em geral, e aos investigadores interessados no usufruto do valioso acervo.
Espólio de Fernando Fernandes – A família do livreiro Fernando Fernandes, recentemente falecido, doou à AJHLP um conjunto de fotografias e outros documentos relacionados com a actividade cultural da antiga Livraria Leitura. Fernando Fernandes pertenceu aos corpos gerentes da Associação.
Novo auditório da AJHLP – Um apoio do Fundo ao Associativismo, da autarquia do Porto, permitiu a instalação de um novo auditório, no quarto piso do edifício-sede.
Oferta – O arquitecto Pedro Figueiredo ofereceu um desenho do edifício sede da Associação, que passa a integrar o espólio da AJHLP.
Debates
- Debate público à volta do tema Defesa da Paz: urgência do nosso tempo, uma iniciativa do Conselho para a Paz e Cooperação e que contou com a participação de Ilda Figueiredo, José Pedro Rodrigues, Manuela Espírito Santo e Rui Pereira.
- A AJHLP cedeu o salão associativo ao Núcleo Norte da AJA-Associação José Afonso para uma sessão comemorativa do Dia Internacional da Mulher. O evento constou de leitura encenada de textos escolhidos da obra Novas cartas portuguesas de Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Teresa Horta.
- Visita à AJHLP – A vereadora da Câmara Municipal do Porto, Dra. Ilda Figueiredo, visitou o edifício-sede da AJHLP.
Feira do Livro do Porto
Visibilidade às edições – Interrompida pelo surto pandémico, a AJHLP retomou a sua participação, em stand próprio, na Feira do Livro do Porto, dando, assim, continuidade a uma acção fora de portas, que permite dar mais visibilidade às suas edições junto do grande público.